PISCINA DE MANSÃO ABANDONADA VIRA CRIADOURO DE DENGUE

Imóvel está fechado há 7 anos, alvo de investigação pela justiça

Moradores da rua Aristides Souza Lima, no bairro Santa Mônica, na parte alta de Santa Luzia, denunciam as condições da mansão que hoje encontra-se fechada e sob responsabilidade do estado. O imóvel, de três pavimentos com área de lazer e piscina, é hoje um tormento para quem convive com a situação. Por conta do abandono e a falta de manutenção, a piscina virou um verdadeiro criadouro de dengue. Há relatos de vizinhos que contraíram dengue e garantem ser devido às condições do lote e, principalmente, da piscina. “É preocupante, essa situação.  A gente convive com essa casa abandonada e ninguém toma providência. Seja o estado, a prefeitura, alguém tem que comparecer aqui urgente p limpar essa piscina. Ou vão esperar ter mais casos e morrer alguém pra tomarem providências? ”, disse uma moradora.

Um morador, vizinho, registrou a situação da piscina. Nas imagens feitas por drone, é possível ver a água turva e muito mato no quintal da mansão.

Vale ressaltar que uma piscina abandonada é um território propício para mosquitos vetores de doenças. É um potencial criadouro de Aedes Aegytpi, um vetor do vírus da dengue, o que coloca em risco, neste caso, a saúde dos vizinhos.

IMÓVEL FECHADO

A mansão permanece fechada, sem morador, desde o início de 2017 quando os antigos proprietários mudaram. Na época, o imóvel foi vendido para a então prefeita de Santa Luzia, Roseli Pimentel. Mas, por conta de uma investigação, foi decretada a indisponibilidade do imóvel, a pedido do titular da 6ª promotoria, à época, o promotor de justiça Dr. Marcos Paulo de Souza Miranda. Roseli e o então marido, foram condenados a 36 anos de prisão, em regime fechado, por corrupção ativa e passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Além de Roseli, o empresário Paulo Eduardo Berbert Lopes e Efraim Dias (ex-marido de Roseli), também foram condenados. Paulo a 29 anos e 10 meses e Efraim a 21 anos de prisão. Todos responderão em liberdade e a decisão cabe recurso.

O advogado de Roseli, José Sad, disse, em nota, que já recorreu da decisão e que “todas as questões relacionadas à sentença serão discutidas no âmbito do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais”.

Já o advogado de Efraim, Geraldo Roberto Gonçalves, disse que “ele está pagando, única e exclusivamente, por ter sido na época dos fatos o companheiro de Roseli”

DENÚNCIA

A denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) dá conta que, em 2016, quando Roseli Pimentel era prefeita de Santa Luzia, ela recebeu cerca de R$ 1,1 milhão do empresário do ramo imobiliário Paulo Eduardo Berbert Lopes em troca de licenças ambientais em benefícios de empreendimentos dele. O objetivo era agilizar o processo da obra.

Os dois teriam firmado o pagamento forjando um empréstimo, em um contrato sem assinatura de testemunhas, sem reconhecimento de firma e sem registro em cartório. Esses indícios, para o MPMG, demonstravam se tratar de um documento fraudulento.

Além disso, a empresa que concedeu esse empréstimo era de Paulo Eduardo que não costumava realizar este tipo de transação com pessoas físicas. A empresa era ainda cotista das construtoras que receberam o benefício ambiental da Prefeitura de Santa Luzia.

LAVAGEM DE DINHEIRO

De acordo com o processo, Roseli e Efraim compraram uma mansão em Santa Luzia, no valor de R$ 1,3 milhão, para lavar o dinheiro.

O MPMG aponta que os pagamentos foram realizados em Belo Horizonte e em diferentes depósitos, feitos em dinheiro vivo. De acordo com o processo, o casal tentou disfarçar a coincidência entre os valores pagos na propina e na quitação do imóvel.

Os valores pagos não condiziam com o patrimônio do casal. A transação era considerada suspeita até mesmo pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Ainda de acordo com a denúncia, Roseli se encontrou com o empresário Paulo Eduardo seis vezes ao longo do ano de 2016 no escritório dele em Belo Horizonte para pegar as parcelas da propina. Os encontros eram fora do horário de expediente.

A propina era paga em dinheiro vivo e entregue a Roseli por meio de uma sacola retornável de supermercado. O dinheiro era entregue ao corretor, que repassava à antiga proprietária do imóvel que o casal Roseli e Efraim havia adquirido.

A partir de agosto de 2016, entretanto, começou a circular nas redes sociais entre os moradores de Santa Luzia que Roseli havia comprado o imóvel com dinheiro de propina. Para disfarçar o esquema, o pagamento foi atrasado e o dinheiro passou a ser repassado por envelopes pardos.

Em dezembro, Roseli forjou um contrato de venda do imóvel para a empresa em nome do empresário Paulo Eduardo, como forma de dificultar o rastreamento dos crimes.

 

 

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