Trabalhadores Lutam por Justiça Após Décadas de Falta de Pagamento

Em meio a incertezas e dificuldades, trabalhadores ficam sem pagamento após falência de empresa

A falência de uma empresa de médio porte no setor de construção civil em Santa Luzia deixou centenas de trabalhadores em uma situação de incerteza e dificuldades financeiras. Entre eles está Geraldo Gonçalves de Castro, de 61 anos, que compartilha uma trajetória repleta de desafios. Geraldo trabalhou por quatro anos e oito meses na Embra, uma empresa especializada em estruturas metálicas, que fechou suas portas em 1999, deixando 330 funcionários sem pagamento e na Justiça.

Crise e Fechamento da Embra

Geraldo explica que a Embra, localizada no Beira Rio, era uma empresa considerável, mas enfrentou dificuldades financeiras após assumir uma grande obra em São Paulo, que resultou em prejuízos severos. Para tentar concluir o projeto, a empresa contraiu empréstimos, mas não conseguiu sustentar-se e, eventualmente, declarou falência. “Ela simplesmente fechou e colocou 330 funcionários na Justiça,” relata Geraldo.

Recuperação Judicial e Falência

Em 2005, a Embra entrou em recuperação judicial com a meta de arrecadar R$ 6,5 milhões até 2014. Durante esse período, o terreno da Embra foi arrendado por outra empresa, a ASN, que cumpriu com os pagamentos rigorosamente até 2014. Contudo, os repasses para os trabalhadores pararam repentinamente. “O sindicato dizia que estavam pagando acima de 60 anos ou para quem era aposentado, mas depois de 2014, pararam de pagar,” acrescenta Geraldo.

Desde então, o processo se arrasta, com mais de 4.200 páginas, mas sem solução à vista. Geraldo e outros funcionários continuam lutando para receber seus direitos. “Esse dinheiro já foi depositado em bancos. Temos provas disso. O dinheiro já foi depositado,” afirma ele. Geraldo enfatiza sua frustração ao ver o maquinário da empresa, que outrora foi vital para suas operações, se deteriorar ao longo dos anos, resultado direto da demora em resolver o processo, que tem se arrastado por quase duas décadas sem uma solução definitiva. O equipamento, que poderia ter sido leiloado para ajudar a pagar os trabalhadores, acabou se desgastando a tal ponto que agora é praticamente inútil.

Impacto na Vida dos Trabalhadores

Geraldo relembra as dificuldades enfrentadas após o fechamento da empresa. Com duas crianças pequenas, uma delas gravemente doente, ele foi até mesmo negado um vale para comprar remédio. “Eu saí de lá chorando,” desabafa. Ele destaca que muitos colegas passaram por situações similares, enfrentando dificuldades financeiras severas e, em alguns casos, até falecendo sem nunca terem recebido o que lhes era devido. “A gente só quer o que é nosso por direito,” conclui.

Fotos: Arquivo Pessoal

 

Por Eliade Lisboa

Supervisão: Ramon Damásio

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