Corrida Eleitoral e Eleitores

As eleições no Brasil ao contrário de outros países não são eleições casadas para todos os cargos eletivos. Nosso sistema político prevê eleições de dois em dois anos. Em um pleito eleitoral elegem-se os senadores, deputados estaduais e federais, e presidente da república, e, no biênio seguinte escolhem-se os vereadores e prefeitos. Este ano será ano de eleição e todos os partidos políticos, militantes e grupos organizados articulam nos bastidores suas chapas eleitorais com vista à defesa de seus interesses na esfera pública. Para que os interesses sejam transformados em leis e atinjam efetivamente o eleitor ou candidato será necessário um longo processo de manifestação das preferências e controle das agendas político-partidárias. É este processo que torna relevante conhecer o perfil do eleitor no Brasil e o tipo de voto que este eleitor porta como cidadão. Sabidamente temos um critério universal de escolha, que os cientistas políticos chamam de sufrágio, ou seja, a extensão ao direito de votar e ser votado, desde que maior ou legalmente capaz para votar segundo a justiça eleitoral.
No Brasil este processo de extensão do voto está completo, restando apenas saber como o eleitor que individualmente tem desejos, preferências e interesses vocalizando ao sistema político eleitoral o seu interesse particular e público através de um candidato, que mais tarde quando eleito irá representá-lo, e conseqüentemente formalizar no plano concreto das políticas públicas os seus interesses. Aqui se torna relevante a opinião pública, que de modo geral, pode ser entendida como um somatório das opinião particulares e privadas de cada individuo isoladamente. O processo de aferição das preferências individuais é feito através de pesquisa de opinião que sinalizam para as preferências mais comuns latentes em cada cidadão em dado momento. Consolida-se assim o processo grosso modo de formação das preferências e vocalização dos interesses no plano público.
O perfil do eleitor no Brasil abrange desde o jovem maior de 16 anos e menor de 18 anos até o cidadão de 70 anos ou mais que queira votar, sabendo que o voto é obrigatório como garantia ao exercício cidadão e facultativo aos maiores de 16 e menores de 18 anos e aos cidadãos com 70 anos ou mais. Porém, devemos esclarecer que tanto candidatos como eleitores têm um perfil escolar e um entendimento esclarecido muito diferenciado entre si que dificulta a eleição de um corpo dirigente mais qualificado, uma vez que boa parte dos eleitores desconhece as funções complexas do estado e as funções estatais a serem desempenhadas pelos futuros representantes junto ao estado. No sudeste e sul do país poderemos dizer que há um público mais bem informado e escolarizado em contraposição a um eleitor semi-analfabeto e pouco letrado no nordeste, centro-oeste e norte do país. Estas variáveis impõem e perpetuam uma lógica de dominação partidária e eleitoral que assegura quando associada a outros fatores como o econômico a perpetuação de grupos de poder locais e regionais não obstante a grande renovação das câmaras ou assembléias. Qual seria então a solução? Os primeiros passos já foram dados, como por exemplo, o controle que se quer exercer pela justiça eleitoral e por suas diretrizes em relação às campanhas eleitorais e os tipos de recursos de mídia e econômico que se pode usar nas campanhas tal como ocorrerá em 2010. Mas devemos admitir que o grande passo ainda está longe de ser dado, ou seja, uma maior informação aos eleitores e um maior controle do abuso econômico de candidatos e grupos de poder que nada têm de público ou coletivo e que tão somente representam esquemas de domínio político, interesses econômicos privados, corrupção do Estado; que acaba por descredibilizar a política, transformando os seus representantes mais sérios e comprometidos com a causa pública em agentes coadjuvantes do interesse da população, banalizando a exemplo do que se faz hoje em dia com o crime e a violência na grande mídia. A política neste caso passa a ser considerada como algo sujo e corrompido, quando na verdade é a arte mais humana e mais nobre porque trata de homens e não somente de coisas. Por isso caro cidadão e eleitor preste atenção aos seus candidatos e vote segundo a sua consciência cidadã nas próximas eleições pensando em você e em nosso Brasil.

Alexandro de Souza (Sociólogo, Mestre em Ciência Política)
Cientista Político, Professor Universitário Consultor Parlamentar, Empresarial, Político e Jurídico.
e-mail: [email protected]

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