Os ritos das reuniões na Câmara de Santa Luzia

Volume de indicações é grande, mas na prática, vereadores queixam da demora, e até mesmo da incerteza de terem os pedidos atendidos pelo executivo

 

Em sete reuniões já são 259 indicações. Uma média de 37 por reunião. Vale lembrar ainda que a Casa conta com 16, dos 17 vereadores, já que Dil não compareceu a uma reunião sequer. Ele é procurado pela Polícia Civil, desde janeiro, acusado de participação no assassinato de um jovem, em dezembro do ano passado.

É nesse ritmo que os vereadores de Santa Luzia trabalham buscando melhorias para a população, e, sobretudo para tentar retornar o voto confiado nas eleições passadas. O que chama a atenção é que a maioria das indicações (cada vereador tem direito até três por reunião) é relacionada a recapeamento de vias, manutenção na iluminação pública e melhoria na sinalização da cidade.

“Não adianta a gente ficar fazendo esse tanto de indicação aqui. Seria melhor a gente destacar o que a prefeita realmente vai atender”, comentou o vereador João Binga durante a última reunião, realizada na terça (21/3).

PLÁGIO

Alguns pedidos são semelhantes aos já apresentados em legislaturas passadas, como por exemplo, o pedido de implantação de uma rotatória no trevo do Vésper – palco de inúmeros acidentes – Mas, na prática, os parlamentares ainda não tiveram os pedidos atendidos pelo executivo. Falta de conhecimento do vereador, dos assessores ou seria uma tentativa de emplacar o pedido, alegando que não sabia do pedido idêntico do colega?

PATERNIDADE DA OBRA

Outras indicações causam polêmica entre os pares, afinal de contas, todos querem ser “o pai” da obra. E quando se deparam com um pedido de um colega solicitando a mesma melhoria, logo usam o microfone da Casa para gritarem em alto e bom som que já fez uma indicação semelhante, aos moldes da “nova” solicitada.

 

REQUERIMENTOS

Outra modalidade usada pelos parlamentares de Santa Luzia é o requerimento. Nele, o vereador pede informações ao executivo com relação a custos de obras, prazos, cópias de contratos, entre outros. Os parlamentares também queixam que os requerimentos não respondidos pela prefeitura, principalmente porque são pedidos realizados pela oposição.

ZAP ZAP E COCHILOS

Um outro fato que tem chamado a atenção da nossa reportagem é a utilização do telefone celular durante as reuniões. É comum ver um (a) vereador (a) usando o smartphone (daqueles modelos modernos e caros) enquanto um colega faz o uso da palavra, por exemplo. Tem vereador cara-de-pau que até atende o celular durante as reuniões, sem a menor parcimônia. Também não é dificil flagrar um ou outro paramentar dando aquela famosa “pescada” – tiram um cochilo mesmo que rápido no plenário.

SEM LIMITE 

Está no Regimento Interno da Câmara: cada vereador poderá utilizar o microfone da Casa pelo prazo máximo de 5 (cinco) minutos. Na prática, alguns extrapolam e muito o tempo que lhe é permitido. Tem vereador que fala durante os cinco minutos, ouve o sinal ecoar alto, vê no painel que o tempo acabou e, mesmo assim, ainda fala por mais cinco, seis, sete minutos. Um desrespeito para com os colegas e, principalmente, para com quem acompanha a reunião, seja na galeria da Casa ou pela internet durante as nossas transmissões.

“MUDOS”

Enquanto poucos falam por muito tempo, muitos entram mudos e saem calados. O novato André Leite é um desses caladinhos.

 

ENQUANTO ISSO…

Em meio a “paternidade” das obras, demora de atendimento dos pedidos por parte do executivo, desrespeito às regras da Casa, uma olhadinha rápida no WhatsApp, etc, quem sofre com tudo isso é a população, que está cada vez mais descrente da política. “Eu não acredito mais em político nenhum. Isso aqui mais parece um circo. A gente vota, mas depois fica envergonhado de assistir uma reunião dessa”, disparou um morador que atentamente acompanhava a última reunião e pediu para não ser identificado.

 

Fotos: Ramon Damásio – Virou Notícia

 

 

 

 

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